Toda
derrota merece uma reflexão. Ainda mais depois de um 7 a 1 em uma semifinal de Copa do Mundo contra
a Alemanha. O
vexame passado pelo Brasil no Estádio Mineirão não tem como ser
casual e configura uma série de equívocos que vinham sido reportados a
tempo.
Veja
uma seleção de dez que ajudam a explicar a derrota brasileira. Todos rebatidos pela comissão técnica em entrevista
na qual a principal justificativa para o desastre foi o apagão no primeiro
tempo.
Sistema quase
único de jogo
A conquista da Copa das Confederações fez o técnico Felipão se apegar ao time
campeão e seu sistema de jogo. Praticamente não houve testes em variações
táticas, o que ficou evidente na eliminação contra a Alemanha: o substituto de Neymar foi Bernard. Da mesma forma o centroavante Fred, em péssima fase,
jogou até o final porque o treinador não abrir mão de um camisa nove e por Jô
estar em má fase.
Treinos
regenerativos e mentais
As passagens da Seleção Brasileira pela Granja Comary ficaram
marcadas por não treinos dos titulares. A comissão técnica e física privilegiou
as atividades regenerativas e de precaução. David Luiz chegou a dizer que era
possível treinar mentalmente. O ápice desta proposta ocorreu nos dias que
antecederam a semifinal contra a Alemanha. O Brasil enfrentou a Colômbia na
sexta, fez trabalho regenerativo no sábado, colocou só os reservas no treino de
domingo e se posicionou taticamente apenas na véspera em atividade leve.
Inimigos
imaginários
A marcação de um pênalti inexistente em Fred e a repercussão
do lance iniciou uma cruzada de Felipão e sua comissão técnica contra inimigos
imaginários. A intenção era não deixar o Brasil com o estigma de donos da casa
favorecidos. Mas o exagero fez com que, após a passagem pelo Chile nas oitavas, houvesse insinuações de complô contra o Brasil e
uma guerra fria com a Fifa que apenas tirou de foco o futebol irregular
apresentado pela Seleção.
Descontrole emocional
A psicóloga Regina Brandão virou praticamente uma celebridade
durante a Copa do Mundo. Depois da crise de choro de jogadores antes, durante e
depois da decisão de pênaltis contra o Chile sua presença na Granja Comary
passou a ser anunciada, como se fosse uma salvadora. As lágrimas descontroladas
de Thiago Silvae a pane sofrida com três gols levados em cinco
minutos simbolizam um desequilíbrio emocional que se mostrou fatal.
Um ano sem enfrentar
campeões
O Brasil enfrentou a Espanha na final da Copa das Confederações no dia 30 de junho de
2013. A eliminação para a Alemanha ocorreu no dia 8 de julho de 2014. Neste
intervalo a Seleção jogou por 14 vezes, nenhuma contra um campeão mundial. Por
melhor que sejam Chile, Portugal e Suíça, a falta de desafios contra equipes de peso criou uma
falsa impressão que o Brasil estava preparado para tudo. Sem esquecer que no
período o time de Felipão mediu forças com seleções do nível de Zâmbia e África
do Sul.
Favoritismo
cantado
Felipão disse que o Brasil era favorito ao título. O
coordenador técnico Carlos Alberto Parreira afirmou que o campeão tinha chegado
à Granja Comary no começo da preparação para a Copa. A afirmação do Brasil como
potência a cada momento criou uma expectativa exacerbada sobre o
hexacampeonato, com pouco espaço para lidar com a derrota.
Clima de
guerra para a mini Copa América
A chave até as quartas se configurou como uma mini Copa
América e fez a Seleção entrar em clima de Libertadores. Antes do jogo,
bate-bocas para tentar anular os efeitos da arbitragem. Dentro de campo recorde
de faltas, muita energia e fraco futebol. Agressões nos corredores dos
vestiários e provocações deixaram o ambiente tenso. Felipão prometeu voltar ao
velho estilo. Ao final do jogo mais faltoso da Copa contra a Colômbia, Neymar
levou joelhada e ficou fora do restante da competição.
Vazamento de
incertezas
Uma conversa de Felipão com jornalistas de sua confiança
lançou uma dúvida sobre a sua convocação. Ele disse que gostaria de ter um
outro atleta no grupo, o que implicaria em um possível arrependimento de um
nome na Seleção. Estafes dos jogadores se irritaram com a insinuação e os
próprios atletas se mostraram incomodados. Já Hulk, ausente contra o México por
desconforto muscular, recebeu um chamado público do chefe por teoricamente não
ter nenhuma lesão e reclamar de dores.
Insistência em
Fred
O atacante nunca esteve bem na Copa do Mundo. Mesmo assim
atuou as seis partidas como titular. A insistência de Felipão em um esquema com
um camisa nove e a pouco confiança em Jô fizeram com que o técnico não mudasse
seu jogador mais contestado. Resultado: com apenas um gol, Fred se despede como
o segundo pior centroavante da história do Brasil em Copas.
Mudanças e
mais mudanças da CBF
Joachim Low está há oito anos no comando da Alemanha. Neste período,
três treinadores passaram pela Seleção, dois no ciclo até a Copa de 2014. A
falta de planejamento a longo da CBF cria uma instabilidade no cargo de
técnico. Dunga, Mano Menezes, Felipão... Quais serão os próximos?
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